quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Solucionando o Problema do Gato e Rato (parte 1)


Nesta postagem começaremos a resolver o Problema do Gato e Rato.

Vamos chamar de a distância inicial entre o gato e o rato e inserir um sistema de coordenadas cartesianas de forma que a origem do sistema coincida com a localização inicial do rato e de tal modo que a localização inicial do gato fique sobre eixo-x.

Nestas condições, no momento inicial, o rato estará localizado no ponto (0, 0) de nosso sistema de coordenadas enquanto que o gato estará no ponto (a, 0).
É claro que passado algum tempo, tanto o rato (que fugiu) quanto o gato (que perseguiu) possuem localizações diferentes de suas respectivas localizações iniciais. Afim de estudarmos o problema, consideremos passados t segundos a partir do instante inicial (isto é, a partir de t = 0).

  • Vamos chamar de (0, b) a localização do rato no instante t;
  • Vamos chamar de (z, w) a localização do gato no instante t;

  • Vamos chamar de f a função cujo gráfico é a curva descrita pelo gato;
  • Vamos chamar de g a função cujo gráfico é a reta que indica a direção em que o gato se desloca.
Observe que se chamarmos de k a distância que o rato percorreu até o instante t e de v a sua velocidade (que é constante) então obtemos k = vt. Olhando para a figura acima não é difícil ver que k = b, portanto podemos escrever bvtMas olhando para a figura também vê-se claramente que g(0) = b, logo temos g(0) = vt.


Vamos calcular g(0). Para tanto lembremos que a equação de uma reta pode ser dada pela expressão g(x) – g(x) = m(x – x), onde (x , g(x)) é um ponto pertencente a reta e m é a sua inclinação (geralmente chamado de coeficiente angular). Neste caso, o ponto (z, w) pertence a reta, portanto podemos por  x = z e obter:
g(z) – g(x) = m(– x)
w – g(x) = m(– x)
g(x) = w – m(– x)


Agora, para determinar m, consideremos o seguinte: quando o enunciado do problema diz que "o gato sempre corre na direção em que o rato está", ele está querendo dizer que esta direção é sempre tangente ao caminho do gato no ponto em que ele se encontra (em outros termos: no instante t, a reta azul é tangente à curva verde no ponto (z, w)). Segue-se, do Cálculo, que m = f '(z) e, portanto, podemos escrever g(x) = w – f '(z)(– x)Pondo x = 0, obtemos, enfim, g(0) = w – f '(z)zNotando ainda que w = f(z), podemos escrever g(0) =  f(z) – f '(z)zEm face disto, concluímos que:


f(z) – f '(z)z = vt


Analogamente ao que fizemos no primeiro parágrafo após a segunda figura, se chamarmos de d a distância que o gato percorreu até o instante t e de u a sua velocidade (que também é constante) obtemos = ut, donde segue que t = d/u. Deste modo:
Notemos agora que d é o comprimento da curva verde, entre z e a. Segue-se, também do Cálculo, o seguinte resultado:
Combinando as últimas duas igualdades, obtemos:
Observe que z não é constante. De fato, por ser  z o valor da abscissa do ponto que designa a posição do gato no instante t, ele depende do tempo (conforme o tempo muda a posição do gato também muda - e consequentemente o valor de  z). Deste modo podemos olhar para z como sendo uma variável. Derivando, então, ambos os lados da última igualdade com relação à variável z obtemos:

Regra da diferença no primeiro membro e regra da constante no segundo:

Regra do produto no primeiro membro e Teorema Fundamental do Cálculo no segundo:

Regra básica de derivação e álgebra elementar no primeiro membro:

Mudando a notação:

Simplificando a expressão:

Temos, pois, uma equação diferencial de segunda ordem na variável z. O próximo passo é resolvê-la, tarefa esta que continua aqui.

Referências: na última postagem da série.
Relate erros aqui.


Veja + sobre EDO:
 Parte 1 / Parte 2 / Parte 3 / Parte 4 (separáveis)
Parte 1 (homogênias)

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