sábado, 19 de março de 2011

Solução "de von Neumann" para o problema do vôo da mosca





Vamos então à solução de Neumann (o ponto preto acima do trem simboliza a mosca).

Seja t1 o tempo que a mosca demora para sair do trem A e chegar ao trem B. Seja d1 a distância que ela percorre durante este tempo:


Olhando para a figura é claro que


Como a velocidade da mosca é conhecida, e como a velocidade do trem também é conhecida, obtemos:


Dos últimos dois resultados, segue que:


Portanto:

Aplicando o mesmo raciocínio podemos obter d2 (a distância percorrida pela mosca quando ela sai do trem B e volta ao trem A), que leva um tempo t2 para ser percorrida:


Da figura notamos que:


Novamente, como conhecemos a velocidade tanto da mosca quanto do trem:

Portanto:


Substituindo este valor:

Se efetuarmos novamente os cálculos, seguindo o mesmo raciocínio, vamos obter:


Observe que para obtermos a distância percorrida pela mosca em um determinado intervalo de tempo, basta multiplicarmos a distância percorrida no intervalo anterior por um número constante que vale:

Temos então uma progressão geométrica onde:


Ora, a distância total percorrida pela mosca será dada pela soma das distâncias parciais percorridas em cada rota, ou seja a distância total será:


Observe que não podemos escolher um determinado número de termos n, não importa o quão grande ele seja, pois se fizermos isto estaremos ignorando a distância dn+1 que também foi percorrida.

Então temos que considerar uma soma que possui infinitas parcelas. Felizmente, como a sequência é uma PG e devido ao fato de a razão ser menor do que 1 podemos efetuar esta soma.

Lembremos que a soma dos infinitos termos de uma PG cuja razão é menor do que 1 pode ser dada pela seguinte fórmula:

Substituindo os nossos valores obtemos:


Portanto a mosca percorreu 150 quilômetros até morrer, e esta é a distância que era preciso encontrar.

Este problema pode ser generalizado para o caso em que a velocidade da mosca é x, a velocidade do trem é y e a distância que separa os trens é k.

Nestas condições, chamando a distância percorrida na n-ésima rota de dn, teremos:


Logo

Observe que este resultado está de acordo com o resultado anterior, obtido do nosso caso particular:


Observações: 

Note que a razão Dn/dn não depende do tempo, ela é constante. Isto esclarece o fato de a sequência formada pelas distâncias percorridas em cada rota formar uma progressão geométrica.

Esta resolução requer que utilizemos a soma dos infinitos termos de uma PG (o que, como já dissemos, só é possível conseguir quando a razão, ou mais precisamente, o módulo da razão, é menor do que 1). Em breve provaremos este resultado aqui no BLOG MANTHANO.

Referências:


 *Erros podem ser apontados aqui

4 comentários :

  1. obrigado, ajudou muito!

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  2. A história dessa mosca era meu martírio em física há 40 anos atrás.
    Pelo visto ela é eterna!!!!rsrsrs

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